A Ovelha Negra
Versão portuguesa traduzida do original. This article is also available in English…
- Jeff, começaste a trabalhar na indústria do Surf a embalar pranchas para o Chris Christenson. Foi aí que tudo começou ou já era algo que tinhas em mente?
Claro, desde o início, mesmo antes do Chris queria ser shaper. Eu apenas não tinha acesso aos meios necessários. Mas assim que cheguei ao Chris, estava lançado. O shape consumia todo o meu tempo, a minha vida. Perdi muitas noites a pensar em pranchas de surf. È muito difícil ter as oportunidades que eu tive, fui muito sortudo. Por isso eu tento ajudar aqueles que estão interessados, sempre que tenho oportunidade, partilhando a minha paixão.
- O Christenson foi uma grande influência no tipo de pranchas que fazes agora?
Sim, ele foi uma grande influência, logo pelo facto de que eu aprendi tanto com ele. Eu cheguei quando ele começou a cena alternativa e tudo o que surfava eram shapes alternativos por isso eu encaixava bem aí. Eu aprendi muito com o Chris e isso é visível em grande parte do que criei. Mas quando me mudei para a minha própria marca, as minhas influências alargaram-se e continuam até hoje.
- Tu és de San Diego, origem do design Fish e apenas fazes pranchas alternativas, mas nenhuma Fish. Porquê? Não é a tua linha ou quiseste ir além disso?
Eu estive ligado ás Fish por algum tempo e fiz algumas que gostei bastante, mas assim que segui em frente nunca mais voltei atrás. Não são a minha onda, mas isso vem de eu querer algo melhor. Penso que sendo alto, com 2 m, eu estava a surfar com Fish maiores, á volta de 5’10, mas eu acredito que para uma Fish tradicional funcionar como são desenhadas ou como eu quero que funcionem, têm de ser pequenas, tipo 5’6 ou menos. Foi aí que a Quagg nasceu. Eu aprendi a surfar em Eggs Single Fin e passei para as Fish, mas sentia que os rails paralelos não eram tão fluidos. Então voltei ás Egg e o que seria mais uma single fin acabou por ficar quad pois andava a ler muito sobre isso. Então fiz uma 5’10 que era uma loucura. Todos os que surfaram com ela queriam uma. Nunca foi assim tão boa mas a ideia funcionava e eu sabia que apenas a podia melhorar.
- Desde que fizeste a tua primeira Mini-Simmons, o design tornou-se muito popular. De onde veio a ideia e acreditas que o design funciona mesmo ou é apenas uma moda?
A primeira Mini-Simmons foi a Casper, feita pelo Joe Baguess para o RK e eles vão ambos dizer-te que a ideia foi sua. Eu vi uma e fiz alguma pesquisa acerca do Bob Simmons e daí decidi fazer a minha visão da Simmons e acabei fazendo a segunda Mini-Simmons de sempre. A Casper foi toda pintada de branco por isso eu fiz a minha toda preta, o que fazia sentido, pois eu passei por tanta coisa ao faze-las no inicio porque aqueles tipos reclamavam que era ideia deles. Na realidade é um design do Simmons que foi ressuscitado. Então a minha era a ovelha negra das Mini-Simmons, algo que de certo modo me agradava! Agora tanta gente está a fazê-las e a surfar com elas, o que acho fantástico. È ainda melhor ver as variações que as pessoas têm feito! Eu penso que o design funciona muito bem, mas são um tipo de prancha ao qual tens de te comprometer para conseguires dela o que queres. Mas são mesmo a sério!
- Tu dizes acerca da New B que é “desenhada para a máxima performance sem ser uma shortboard”. Pensas que levaste os teus designs ao limite?
A New B é um design relativamente novo para mim, que tenho vindo a refinar ao longo do último ano, para a levar até aí em termos de performance. O design do deck e rails permite que surfes com uma prancha mais pequena e fina que a tua prancha alternativa normal mas mantendo a facilidade de remada. A pouca espessura e os rails progressivos mantêm a performance. Eu já fazia isso há algum tempo mas agora refinei a coisa. Eu sempre soube que funcionava mas agora percebo como e porquê e até onde posso levar o design sem perder nada.
- Não és apenas um grande shaper, mas também um excelente laminador conhecido pela qualidade e atenção aos detalhes. Ainda laminas muitas pranchas ou preferes concentrar-te no shape agora?
Agora eu estou mais concentrado no shape mas todas as minhas pranchas são laminadas debaixo do meu tecto. Eu criei uma pequena equipa que partilha a minha paixão pelos detalhes e que é incrivelmente talentosa. Mas eu ainda gosto de mexer na resina. Eu vou iniciar uma Solo Series na qual irei fazer tudo sozinho do princípio ao fim. Eu ainda faço 90% dos pigmentos coloridos nas minhas pranchas.
- Shape ou Surfar? O que vem primeiro? E com que pranchas surfas habitualmente?
Costumava ser surf mas nos últimos anos o shape tem-se tornado mais uma prioridade. Eu ainda verifico as ondas todos os dias mas escolho os meus dias melhor. Eu gosto mais dos dias maiores por isso tento fazer o meu trabalho quando o mar está pequeno para que quando as ondas estão boas eu possa ir. Esta época foi realmente pequena por isso tenho passado mais tempo a fazer mergulho ou caça submarina.
-Quais são as tuas expectativas acerca da Europa? Pensas que os surfistas europeus são muito diferentes dos americanos?
Eu espero que a Europa seja incrível. Penso que os surfistas Europeus têm um melhor entendimento do que eles querem e do que eles apreciam. Estou desejoso de fazer ter algumas pranchas aí e apaixonar as pessoas.
Algumas semanas depois desta entrevista, o Jeff esteve em França, na UWL, onde fez algumas pranchas e muito sucesso.